quinta-feira, novembro 27

• amor não se preocupe...

...não é nada não.

porque pessoas vão embora. porque lugares são todos iguais. porque ambições mudam e sonhos são esquecidos na hora de alimentar as crianças. porque duas horas no trânsito matam toda e qualquer vontade de correr descalço na chuva. filas no banco na hora do almoço só realçam a falta de sabor da comida do restaurante por quilo que tem na esquina do largo... lembra de todos os bichos de estimação que você já teve? morreram. e os que você tem agora vão morrer também. lembra do nome de todas as pessoas que você já beijou? lembra de quando você não tinha prestações pra pagar? lembra de aulas de ciências?

o que houve ali?
onde a gente se perdeu?

crescer não precisava ser tão ruim assim. podia ser só aqueles momentos de acordar no meio da noite e ter alguém segurando a tua mão. podia ser sair às terças-feiras sabendo que tem que acordar cedo na quarta pra trabalhar, e nem ligar. podia ser ter grupos de amigos que não se afastassem por causa de novas prioridades. e porque eu terminaria esse texto, mas ao invés de falar, resolvi agir e vou ali dar um abraço na minha amiga e dar risadas..

quinta-feira, julho 10

• a (não) vinda ou a morte?

mensagens inesperadas. beijos. sonhos bons. boas notícias. presentes em cima da cama. sorrisos bonitos. banhos quentes e demorados. músicas velhas. chocolate. manhãs no sítio. vanguart. dias que passam devagar. gelatina. cinema vazio. joaninhas coloridas. salada. catecismo de Zéfiro. café forte. riso de criança. viagens de metrô. desenhos de ameba. domingos. pedaços de cenoura no arroz da minha mãe. tempo para não fazer nada. ter uma boa idéia. escrever coisa bonita. transmitir alegria. dee dee e seus shortinho malibu. livros que eu nunca vou ler. Dallas Green. lua cheia, crescente e minguante. nova, não. minha vaca de pelúcia. acordar naturalmente. Travis McCoy. dizer à alguém que sente saudades. elogios sinceros. dia de chuva. dias de sol. filmes que me fazem chorar. palavras desacostumadas. letras bonitas. a voz de Spektor. lápis-de-cor. imaginação. criatividade. desenhos bonitos. pernas de homem. papéis coloridos. cerejas no natal. coisas velhas. fotos velhas. músicas velhas. little cats. aulas de francês. a fala rápida da Gi. o sotaque Boçal dela. a risada dele. o sorriso dele outro. o fone do cara no metrô. piadas engraçadas. Audrey's... Hepburn e Tautou. bolo de cenoura (da minha mãe, de novo). café no copo moderno. canecas coloridas. incenso queimando. o suco errado. as palavras do Chico Buarque. all star e melissas. coisa nova. letrinhas apagadas no teclado. miadinhos na madrugada. sexo e suspiros. horas no telefone. lojas de conveniência. little things or not..

a felicidade tem tom vermelho.

terça-feira, junho 24

• hearts are broken everyday.

por Juliana Kataoka.

Só bastou ela dizer uma frase: “Eu não te amo mais”. Como desavenças de jardim, como uma criança mimada cujo bolo não deu certo, depois de tanto me machucar dizendo que podia fazer sozinho, SEM MIM, você volta correndo, chora e me abraça. Eu limpo a zona na cozinha, não questiono e acho até bonitinho.

O que eu tenho feito? Eu tenho tentado aprender a viver sem aquela nossa relação, sem o nosso nós, que me deixava tão doente. Vamos sair? Não, a gente nunca consegue sair. Quanto eu penso que acabou, você volta, me oferece o melhor dos tiros e cá voltamos ao ponto de partida.

E é tão injusto porque seja lá o que a gente faça, o tanto que a gente se desentenda, eu sempre vou estar aqui de braços, pernas e alma, com uma placa imensa escrito: “bem vindo, amor.” Eu não sei dizer não, não pra você.

Como sempre acontece, você vai enjoar de mim, brinquedo velho, tão substituível, entregue e submisso. E vai trocar pela versão atualizada que sabe falar o não que eu nunca vou aprender.

Pra você.
Porque é difícil fingir e esquecer é impossível.

terça-feira, junho 17

• pra você, querida.

em 26 de maio de 2008.

Daqui te vejo turva, até diria suja. Diria, mas não digo. Não à alguém que sequer sabe ouvir. Antes de você existe o seu medo, então o disfarce para o medo, depois um disfarce para esse disfarce e só então uma sombra de um protótipo de qualquer coisa pra esconder tudo. Você se esconde, você mente, está perdida aí dentro.

Morra, tente morrer, mesmo que superficialmente, se esse é o seu modo. Mostra esse teu sangue de groselha, viva a sua insignificância, mas viva algo. Sinta alguma coisa. Você é rasa. Você é um número. Você é um resto de confete sujo que alguém chutou para baixo do sofá. Você dança abraçada a uma almofada no fim da festa, o olho sujo de tinta derretida, amarga. Isso quando ninguém está olhando.

Vive, tenta viver. Se encontra debaixo dessas tintas e vernizes. Beba, cheire, injete, bota algo aí dentro, um sopro, densidade. Algo que corra e te arraste junto. Ou então desaparece. Ache uma estrada, segura na mão de Carl Barat e vai. Esqueça as historinhas que inventou. As mentiras. Leva essa insipidez, o gosto musical equivocado, o corte de cabelo sem propósito, a meia dúzia de opiniões vazias. E vê se some da minha frente.

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ela ao menos me rendeu um texto perfeito. obrigada.

eu ia apagar este blog, mas resolvi revivê-lo.
afinal: eu adoro escrever. (;
ps.: 9 postagens deletadas.

quarta-feira, março 19

(...)



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você é um amante de meio-período e um amigo em tempo integral. o seu vício é a última moda, i don't see what anyone see, in anyone else.. but you. aqui está a igreja e aqui é o campanário. com certeza nós somos fofos para duas pessoas feias. i don't see what anyone see, in anyone else.. but you. ambos temos brilhantes e felizes acessos de raiva. eu quero mais fãs, você quer mais palco. i don't see what anyone see, in anyone else.. but you. você está sempre tentando ser verdadeiro. eu estou apaixonada pelo jeito como você se sente. i don't see what anyone see, in anyone else.. but you. eu beijo sua cabeça na sombra de um trem. eu te beijo com um olhar estrelado. meu corpo está oscilando de um lado pro outro. i don't see what anyone see, in anyone else.. but you. os pedregulhos me perdoam, as árvores me perdoam, então por que você não pode me perdoar!?<br>

..eu não vejo o que qualquer um pode ver,
em qualquer outra pessoa,
além de você.

du dududu dududu du dududu.. du dududu dududu du dududu.. i don't see what anyone see, in anyone else.. but you.


anyone else but you.
- The Moldy Peaches

quarta-feira, março 12

Querida Camille;

eu não sei começar cartas a não ser ridicularizando o fato de não saber começar cartas. é ridículo, mas evita qualquer tipo de pensamento muito profundo da minha parte. et ce que stupéfie ainsi au sujet des pensées vraiment profondes de toute façon? sobre o clima, posso te dizer que desde que voltamos a co-habitar o mesmo país, eu não tenho me importado muito com o clima, afinal, debaixo das minhas cobertas é onde tenho passado a maior parte do meu tempo.

e como eu te disse outro dia, Cami, nós somos um tipo de oposto. eu tenho as coisas que você pensa que quer, e não sou feliz. você tem todas as coisas que eu talvez pudesse pensar que queria, e também não é ao todo feliz. mas felicidade? é isso que a gente quer? vai saber, né. posso te dizer também, que enquanto você estiver na fase três; fazendo lanchinho pro seu filho de manhã, enquanto o seu marido toma banho um pouco atrasado pro trabalho, mas não o suficiente pra não voltar e te dar um beijo daqueles meio tira-fôlego, meio empolgado demais pra ser um comercial de margarina; é muito provável que eu ainda não esteja em fase nenhuma. ou é capaz que eu passe, voltando de algum lugar de madrugada, com algum amigo, pela frente de uma casa bonitinha, e pense “pôxa, que casa bonita” e nunca saiba que é você que mora ali. é muito capaz que eu nunca cresça. nunca crie senso de responsabilidade, mas continue chorando toda vez que assisto a comédia da minha vida privada. (ando sofrendo de medo antecipadamente, dificuldade em aceitar tudo que ainda não aconteceu) era sobre isso que eu queria falar, Cami. sobre como a maior parte do tempo, eu consigo ser assim, assim, do jeito que você sabe que eu sou, sem me importar muito com coisas, lugares, compromissos, mas sempre preocupada sobre quem vai estar do meu lado. a única coisa que eu levo um pouco à sério (talvez até demais) seja isso. quem eu quero ter por perto. toda vez que minha mãe me manda daqueles spams de gente morrendo pela África, eu choro, sofro, tenho pesadelos, e aí... acostumo. tem um mendigo que está sempre sentado na padaria na rua da minha casa. antes eu passava e abaixava a cara de vergonha, porque, de fato, se eu desse pra ele o meu dinheiro, teria que caminhar até meu destino. depois de um tempo, aí depois de um tempo; parei com isso de olhar pra baixo com vergonha. e é agora que te pergunto, por quê? se tem uma coisa mais vergonhosa do que essas situações todas existirem, é o fato de que depois da segunda ou da terceira vez, a gente não consegue mais sentir a dor. sentir a angústia. sentir o fato que eu estaria hoje dando todo meu dinheiro pra esse senhor, e ela ainda estaria morando na rua. poderia ter ido numa missão para a África, e a guerra ainda estaria acontecendo. eu poderia também estudar um monte e tentar um dia entrar para a carreira política e não deixar a tentação do poder me corromper, e aí declarar a paz mundial e… é, também não podia. então; minha vida inteira é essa sensação. sensação de poder tudo, e ao mesmo tempo, não poder nada. saber que faça o que eu fizer, no fundo, é só um grão de areia no meio do mar. e aí é onde eu volto pras pessoas. o mendigo que ficava na minha rua, não fica mais, não sei o que houve com ele.

eu não mudei a vida dele, mas pelo menos um dia ele falou que me amava, e seria assim. sei lá. não é mais a mesma história que eu estava contando, né? não. de fato, não é. mas é algo que eu posso fazer. eu sabia que não ia conseguir explicar isso direito. eu sabia que ia parecer “as memórias da menina mimada, volume 1”. e o que eu quis dizer não foi nada disso. só quis dizer que, por mais estúpido que pareça, eu não consigo viver minha vida me colocando em primeiro lugar. eu sempre coloco os outros. os que eu amo, e os que eu acredito que precisam de mim muito mais do que eu preciso deles. e isso não é bonito, isso é extremamente auto-destrutivo, e a quantia absurda que eu gasto todo mês para me manter levemente funcional talvez poderia ser prova disso. mas a melhor prova é justamente essa, o meu lugar debaixo do meu cobertor. daonde só saio quando meus amigos choram ou é fisicamente necessário. não levantaria um dedo por mim mesma, mas cortaria o braço fora pelos outros. e é por isso que você vai conseguir chegar na fase 3, aos 40 e assim por diante. e eu? eu vou estar aqui, igual todos os outros trouxas que são ingênuos o suficiente para acreditar nos outros e tentar achar algo de bom. tentar ver a bondade alheia. não sou nem um pouco altruísta. sou só uma garota perdida, que já não tem mais idade pra ser tão garota, mas também não sabe como mudar.

nem a mim mesma, nem aos outros, nem ao mundo.
m*